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Como se preparar para contestar reajustes abusivos no plano de saúde

  • Rodrigo da Guarda
  • 28 de out.
  • 4 min de leitura

Manter documentos organizados é essencial para identificar reajustes abusivos no plano de saúde e garantir seus direitos como consumidor.


Reajustes abusivos nos planos de saúde são uma das principais queixas dos consumidores. Muitos só percebem que estão sendo lesados quando o valor da mensalidade já está pesando no bolso. Outros até suspeitam da irregularidade, mas não sabem como reunir provas para contestar o aumento. A boa notícia é que com um pouco de organização, é possível se proteger — e agir com segurança se o reajuste for mesmo indevido.


A seguir, explico quais documentos você precisa guardar, como organizá-los e de que forma essa preparação pode fazer toda a diferença na hora de enfrentar operadoras que extrapolam os limites da lei.


1. O contrato do plano é a base de tudo

O primeiro documento que você deve guardar (e ler com atenção) é o contrato do plano de saúde. Ele define a relação entre você e a operadora, inclusive os critérios para aplicação de reajustes.


Se você ainda tem o contrato original, ótimo — guarde com todos os anexos. Se não tem, solicite imediatamente uma cópia à operadora. Ela é obrigada por lei a fornecer esse documento.


Fique atento aos seguintes pontos:

  • Data da assinatura (as regras variam conforme o ano de contratação);

  • Percentuais e faixas etárias definidas para reajuste por idade;

  • Tipo de contrato (individual, familiar, coletivo por adesão ou empresarial).


2. Boletos e comprovantes ajudam a identificar variações

Se você quer acompanhar a evolução das mensalidades e identificar eventuais aumentos abusivos, os boletos são indispensáveis. Eles mostram os valores cobrados mês a mês e permitem visualizar claramente quando e quanto foi reajustado.


Recomendações:

  • Guarde os boletos dos últimos cinco anos, se possível;

  • Mantenha também os comprovantes de pagamento;

  • Organize tudo em ordem cronológica;

  • Crie uma planilha simples para acompanhar os valores pagos mensalmente — isso facilita muito a visualização de aumentos fora do padrão.


3. Comunicados de reajuste devem ser arquivados

As operadoras são obrigadas a comunicar previamente qualquer reajuste, com transparência e justificativa. Por isso, é fundamental guardar todas as correspondências recebidas da operadora.


Inclua:

  • Cartas, e-mails ou mensagens notificando reajustes;

  • Informes sobre alterações contratuais;

  • Mudanças na rede credenciada;

  • Data e conteúdo de ligações ou atendimentos, caso a comunicação tenha sido verbal (anote protocolo, data, hora e nome do atendente).

Esses registros são essenciais para demonstrar se a empresa cumpriu sua obrigação legal de informar os consumidores com antecedência.


4. Relatórios médicos e histórico de uso do plano

Em planos coletivos (principalmente com reajuste por sinistralidade), a operadora pode alegar aumento de custos com base na frequência de uso dos beneficiários.


Nesses casos, é importante ter um histórico de utilização que ajude a confrontar essas alegações:

  • Cópias de pedidos médicos;

  • Guias de autorização de exames e procedimentos;

  • Recibos de coparticipação, se houver;

  • Registro de consultas, exames e terapias realizadas.

Esse tipo de documentação ajuda a demonstrar que o reajuste não tem justificativa na sua frequência de uso.


5. Toda comunicação com a operadora deve ser documentada

Tentativas de resolução administrativa com a operadora também precisam ser registradas. Muitas vezes, antes de entrar com uma ação judicial, é importante comprovar que você tentou resolver o problema amigavelmente.


Guarde:

  • Protocolos de atendimento por telefone ou SAC;

  • E-mails trocados com a operadora;

  • Reclamações feitas via site, app ou ouvidoria;

  • Respostas recebidas (inclusive as verbais, que devem ser anotadas com todos os detalhes).


Checklist para organizar sua documentação

Documentos básicos

  • Contrato completo do plano de saúde

  • Proposta de adesão assinada

  • Carteirinha do plano (atual e anteriores)

  • Tabela de preços por faixa etária

Histórico financeiro

  • Boletos dos últimos 12 meses (mínimo)

  • Comprovantes de pagamento

  • Planilha com valores mensais

  • Comunicados de reajuste recebidos

Comunicações

  • E-mails e cartas da operadora

  • Protocolos do SAC

  • Registros de reclamações na ANS ou PROCON

Utilização do plano

  • Relatórios e pedidos médicos

  • Autorizações de exames/procedimentos

  • Recibos de coparticipação

  • Negativas de cobertura (se houver)

Dicas de organização prática

  • Crie uma pasta física com divisórias para cada categoria de documento;

  • Escaneie tudo e armazene cópias digitais na nuvem ou HD externo;

  • Organize os documentos em ordem cronológica;

  • Atualize o arquivo mensalmente, sempre que receber um novo boleto ou comunicado;

  • Crie alertas no celular ou agenda para conferir o boleto do mês e comparar com o valor anterior.


Por que isso é tão importante?


Além de permitir um controle mais rigoroso das suas despesas, essa organização reforça sua posição jurídica caso precise contestar um reajuste. Documentação clara e bem estruturada mostra ao juiz que você não está apenas “achando” que o aumento é abusivo — você tem provas concretas disso.


Além disso, o simples fato de acompanhar de perto o comportamento do plano pode evitar prejuízos futuros. Muitas vezes, o consumidor percebe o reajuste abusivo com meses de atraso, quando os valores já foram pagos e a situação está mais difícil de resolver.


Organização é sua melhor defesa


Em um cenário de constantes aumentos nas mensalidades e práticas abusivas por parte de operadoras, estar preparado faz toda a diferença. Com os documentos certos em mãos e um sistema de organização eficiente, você não apenas se protege, como fortalece sua capacidade de reagir com agilidade — e com amparo legal — sempre que seus direitos forem violados.


 
 
 

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© 2025 por Rodrigo da Guarda.

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